Após o uso de agrotóxicos nas lavouras, a legislação determina que as embalagens sejam descartadas de maneira correta em estabelecimentos autorizados. O prazo para a devolução é de um ano a partir da data de compra do produto. No entanto, nem todos os agricultores estão atentos a isso, colocando em risco a sua saúde e o meio ambiente.
Embalagens de agrotóxicos
Na tentativa de conscientizar os produtores de Alfredo Vasconcelos e Ressaquinha, na região Central do estado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) buscou orientar os agricultores e organizar anualmente a coleta das embalagens nesses municípios.
“Observamos que o prazo de devolução muitas vezes não era cumprido, sujeitando os produtores a multas e outras sanções ambientais. Outro ponto é que os depósitos das propriedades não comportavam o volume de embalagens utilizadas, podendo gerar riscos graves à saúde familiar dos produtores e seus agregados, bem como causar danos ao meio ambiente”, afirma o extensionista da Emater-MG, Tadeu de Azevedo.
Em 2019, nos dois municípios, foram recolhidas 12 toneladas de embalagens em uma ação que envolveu 211 famílias de produtores. O material foi entregue na Associação dos Revendedores de Defensivos Agrícolas de Barbacena e Região (Ardabar).
Recolhimento
Para realizar o recolhimento, a Emater-MG, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), conta com a parceria das prefeituras dos dois municípios, que disponibilizam caminhões para recolher o material. Além disso, funcionários, equipamentos de proteção individual e promovem campanhas sobre o assunto em rede municipal de ensino.
“Os funcionários cedidos pelas prefeituras receberam toda orientação técnica das equipes dos escritórios da Emater para manusear as embalagens”, ressalta Azevedo. A iniciativa também contou com o apoio do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens (Inepev).
A Emater-MG também orienta os produtores sobre a lavagem das embalagens e seu armazenamento temporário na propriedade antes do descarte. Segundo o técnico da empresa no município de Ressaquinha, Tadeu de Melo, a iniciativa contribui significativamente para a preservação ambiental nos dois municípios, que pertencem à bacia hidrográfica do Rio Doce. “A retirada deste material tóxico trouxe melhorias na qualidade de vida de todas as famílias rurais, pois evita possíveis contaminações de solo, água, fauna e flora”, afirma.
Mudança de hábitos
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Alfredo Vasconcelos, José Sávio de Souza, boa parte dos agricultores do município fazia o descarte errado. “Tinha muito pouca preocupação por parte deles. O material era jogado perto de rios ou no fundo do quintal”, lembra, ao destacar que o trabalho de conscientização feito ao longo de anos mudou essa realidade. “Eles foram muito receptivos quanto às orientações e tomam os devidos cuidados na devolução das embalagens. Teve uma melhora muito grande. A ação ajudou até na redução do uso de agrotóxicos e adoção de defensivos naturais e controle biológico”, afirma.
Fonte: Agência Minas