Em nosso planeta existem milhões de espécies que conhecemos e muitas que ainda precisam ser descobertas. A conscientização nos últimos anos sobre a proteção e o cuidado do meio ambiente revelou que nós mesmos, os seres humanos, alteramos o equilíbrio da natureza a ponto de enfrentarmos o maior ritmo de extinção de espécies desde que perdemos os dinossauros há mais de 60 milhões de anos.
Sobre a biodiversidade, que é a variedade de seres vivos existente no planeta, estima-se que a quantidade de espécies da flora e fauna que desaparece na Terra esteja entre 150-200 a cada 24 horas. Este ritmo faz a biodiversidade da Terra definhar a passos gigantescos e, infelizmente, os humanos têm tanto a ver com o problema que o ritmo atual é mil vezes maior do que se fosse uma extinção natural de espécies.
Donald Falk, professor de ecologia na Universidade do Arizona, explica isso de maneira ilustrativa: “As espécies são como tijolos na construção de um prédio. Podemos perder uma ou duas dúzias de tijolos sem a casa balançar, mas se 20% das espécies desaparecerem, toda a estrutura se desestabiliza e entra em colapso. É assim que funciona um ecossistema”.
O planeta está à beira do colapso quase sem nos darmos conta. Produzimos 150 milhões de toneladas de plástico de um só uso por ano e, destas, oito milhões de toneladas acabam no mar; nos últimos 25 anos, o nível de água do mar aumentou o dobro do esperado; 40% da população mundial já tem problemas devido à escassez de água … e se o planeta consumisse ao ritmo da Espanha, por exemplo, no dia 11 de junho ficaríamos sem recursos na Terra para um ano.
Como se isso não bastasse, a poluição, como alerta a ONU, é responsável por uma em cada seis mortes no mundo, matando mais pessoas do que a guerra, a fome e os desastres naturais.
Por estas razões, é mais do que justificado comemorar o Dia da Terra, e fazer isso não como uma celebração isolada, mas como uma recordação constante de que todos os dias colocamos nosso planeta em risco. Nós estamos sofrendo hoje os efeitos devastadores da ação humana, por isso, mais do que tentar deixar o planeta melhor para as próximas gerações, estamos falando de poder viver de forma sustentável nos próximos anos graças à conscientização pela educação para alcançar uma ecologia integral: ou seja, uma ecologia ambiental, econômica e social; uma ecologia cultural; uma ecologia da vida cotidiana; uma ecologia guiada pelo princípio do bem comum e também pela justiça entre países, continentes e gerações.
Celebramos o Dia da Terra, também conhecido em muitos países como da Mãe Terra, para lembrar que o planeta e seus ecossistemas nos dão a vida e o sustento e assumir a responsabilidade coletiva de promover essa harmonia com a natureza e a Mãe Terra.
Este dia, estabelecido pelas Nações Unidas, nos dá a oportunidade de aumentar a conscientização de todos os habitantes do planeta sobre os problemas que afetam a Terra e as diferentes formas de vida que se desenvolveram no planeta, porque a Terra e seus ecossistemas são a nossa casa. Assim, para alcançar um equilíbrio justo entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras, é necessário promover a harmonia entre ambos.
O Dia da Terra é um evento comemorado por mais de um bilhão de pessoas em 190 países. Manifestações com a cor verde como protagonista, plantio de árvores, limpeza de florestas e praias e atividades em defesa do meio ambiente e conscientização política marcam este dia.
O promotor da celebração foi o senador norte-americano Gaylord Nelson, que criou em 1970 este dia para instigar uma consciência comum dos problemas de poluição e da conservação da biodiversidade, além de outras preocupações ambientais para proteger a Terra. Nesse ano, começou nos Estados Unidos um movimento ambientalista que levou às ruas 20 milhões de pessoas para lutar por um ambiente mais saudável.
Com o sucesso da manifestação, os políticos também ficaram cientes da importância da natureza e do cuidado com o meio ambiente, e foi criada a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que é responsável pelas leis para obter ar limpo e água potável, e conservar espécies em perigo de extinção.
Há quase 50 anos, organizações internacionais e Estados têm tentado criar uma consciência ambiental para preservar o planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, lançou as bases para uma conscientização mundial da interdependência entre os seres humanos, outros seres vivos e nosso planeta, e é por isso que se fixou o 5 Junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente, ao mesmo tempo em que se criava o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que é a agência da ONU responsável por estabelecer a agenda ambiental global.
Em 1992, mais de 178 países assinaram a Agenda 21, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Declaração de Princípios para a Gestão Sustentável das Florestas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED). Em 2005, a Assembleia Geral declarou 2008 o Ano Internacional do Planeta Terra para promover o ensino das ciências da Terra e fornecer à humanidade as ferramentas necessárias para o uso sustentável dos recursos naturais.
Em 2012, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio+20. Seu resultado foi um documento que continha medidas e práticas para o desenvolvimento sustentável. Além disso, os Estados membros decidiram iniciar um processo para estabelecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se baseariam nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e coincidiriam com a Agenda de Desenvolvimento depois de 2015.
Neste ano, também se celebra o nono Diálogo sobre Harmonia com a Natureza da Assembleia Geral das Nações Unidas, que será realizado nesta segunda-feira, dia 22, na sede da ONU, em Nova York, na Sala do Conselho de Administração de Tutela, e vai focar no tema A Mãe Terra na Aplicação da Educação sobre as Mudanças Climática’. Além disso, em 23 de setembro, haverá a Cúpula do Clima, organizada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para tratar das mudanças climáticas e acelerar a implementação do Acordo de Paris sobre a Mudança Climática.
Em suma, há muitos pequenos gestos que cada um de nós pode fazer diariamente para cuidar da Casa Comum que é o nosso planeta. O mais eficaz, sem dúvida, é agir como se todos os dias fossem o dia que comemoramos nesta segunda-feira: o Dia da Terra.
Fonte: El País.