O Brasil e a busca por uma alimentação mais sustentável

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Evitar o desperdício de alimento pode beneficiar a renda familiar e garantir melhores condições para o futuro da população

desperdício de alimento

Segundo o Banco Mundial, um terço dos alimentos produzidos todos os anos é desperdiçado. Isso equivale a um bilhão e trezentas mil toneladas de alimento, que correspondem a um trilhão de dólares.

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O uso não sustentável dos solos e da água, a pesca em excesso, dentre outros, estão limitando a quantidade de recursos naturais essenciais para a produção de alimentos. Por isso, além da conscientização contra o desperdício, é essencial pensar em formas de preservar e recuperar tais recursos, para que sejamos capazes de alimentar as 8,3 bilhões de pessoas que devem habitar o planeta terra até 2030.

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) 54% do desperdício ocorre no inicio da produção (colheita, manipulação e armazenamento), e 46% nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Sendo assim, além da ação individual, há necessidade de que as instituições, as empresas e os governos tomem atitudes para que essa situação seja revertida.

O desperdício, na etapa de consumo, impacta negativamente o orçamento familiar. Devemos ter em mente que a maior parte da população brasileira pertence a um estrato social com renda familiar relativamente baixa. O salário médio do trabalhador brasileiro é em torno de R$ 2.100,00 e o valor da cesta básica consome acima de 20% desta renda média. Portanto, ao educarmos o consumidor sobre a necessidade de valorizar o alimento, estamos igualmente contribuindo para a economia do lar.

Visando conscientizar os consumidores brasileiros sobre o desperdício de alimentos e gerar um impacto positivo nos hábitos de consumo alimentar, o Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF Brasil), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) trabalham continuamente para a redução do desperdício, uma das formas é a campanha #SemDesperdício.

Por meio da página que pode ser acessada através do endereço semdesperdicio.org, e dos perfis no Twitter e Facebook, foram apresentados dados sobre o desperdício de alimento no mundo e lançado o desafio “Uma Mania a Menos” oferecendo aos leitores dicas de como adotar hábitos de consumo mais sustentáveis.

Algumas das dicas que podem ser encontradas no site são: preparar uma lista de compras, organizar bem os alimentos colocando nas partes mais visíveis da despensa e geladeira o que está mais próximo de vencer, separar as sobras das refeições em pequenas porções, congelar o que não for comer nos dias seguintes, etc.

O jornalista Gustavo Porpino, 40, é analista da Embrapa e doutor em administração pela FGV-Eaesp. Foi pesquisador visitante do Food and Brand Lab, da Universidade Cornell, onde realizou pesquisas sobre comportamento de consumo de alimentos. Para ele, no Brasil, se faz necessária uma ação macro com a criação de políticas públicas voltadas ao enfretamento da insegurança alimentar e redução do desperdício, além de maior investimento em educação nutricional e ambiental, para que as gerações futuras valorizem mais o alimento e tenham mais conhecimento sobre a produção de alimentos.

Gustavo aponta ainda que focar na diminuição do desperdício no consumo é necessário, pois tudo o que foi utilizado para produzir e transportar o alimento até o supermercado ou domicílio é desperdiçado quando o mesmo perde-se no final da cadeia. “Em países como o Brasil, no qual a maior parte das sobras de alimentos ainda é descartada em lixões, o desperdício acarreta impacto ambiental negativo via emissão de gases de efeito estufa”, acrescenta.

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