Iniciativa traça plano de ação para triplicar uso de semeadura direta

Caminhos da Semente é uma rede de organizações multisetorial criada para alavancar o método, que tem baixo custo e amplos benefícios sociais

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A semeadura direta é um método para recomposição de vegetação nativa com ótimo custo-benefício para quem precisa restaurar, oferecendo vantagens ecológicas e ganhos sociais e econômicos para comunidades coletoras de sementes. Por esses motivos, pode ter seu uso ampliado nos programas de restauração no Brasil.

Nesse sentido, foi criada a Iniciativa Caminhos da Semente, rede de organizações liderada pela Agroicone, em parceria com o ISA – Instituto Socioambiental e com apoio do programa do Reino Unido Partnerships For Forests (P4F). Essa Iniciativa acaba de lançar um plano de ação para aumentar em três vezes o uso da semeadura direta até 2020, com foco nos Estados de Mato Grosso e São Paulo. Isso significa passar de 700 hectares/ano para 2.100 hectares/ano de áreas recuperadas com o método.

Ações conjuntas

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Para alcançar esse objetivo será colocado em prática um conjunto de ações que envolvem atividades de capacitação, assistência técnica para novos plantios, aumento da oferta de sementes, soluções regulatórias e divulgação de conhecimento sobre o assunto. Em destaque nas ações estão os setores de soja e cana-de-açúcar, além de empresas de energia, mineração e logística, que hoje são grandes atores em restauração.

Semeadura direta

Do ponto de vista de custo-benefício, o método preferencial para recuperação da vegetação nativa é a regeneração natural, que consiste em proteger a área e deixar que a recuperação aconteça sem interferência. Porém, há muitas áreas onde esse processo não ocorre, seja em função do nível de degradação do solo ou da ausência de fonte de sementes.

Nesses casos, onde a interferência se torna necessária, a semeadura direta é uma ótima alternativa na medida em que demanda menor investimento sem perder eficiência – muito ao contrário. O método consiste em plantar, em solo previamente preparado, uma mistura de sementes de cobertura verde e de espécies nativas adequadas ao bioma e às condições ambientais da área que vai ser restaurada. Entre as características da semeadura direta estão o baixo custo, eficácia no plantio e tempo reduzido para que os resultados sejam comprovados.

Porém, ainda persistem obstáculos para adoção mais sistemática desse método, como dificuldades para compra de sementes, capacitação técnica e até mesmo confiança em sua efetividade. Frente a esses desafios, a Iniciativa Caminhos da Semente elaborou um Plano de Ação Estratégico para ultrapassar essas barreiras com horizonte de cinco anos e ações prioritárias já para 2020.

Restauração florestal

Para alcançar a meta de aumentar a escala da semeadura direta, a Iniciativa pretende levar soluções que aliam os interesses de organizações e pessoas com a restauração florestal e propor soluções aos problemas enfrentados pelos diversos atores envolvidos na cadeia de recomposição da vegetação nativa.  “Um programa de recuperação de áreas degradadas é desafiador, envolve orçamento, equipe técnica, bons fornecedores, é algo difícil e complexo dentro das empresas. O seu sucesso vai além da recuperação da área, baseia-se também no envolvimento direto de atores como proprietários, restauradores, poder público e outros. A semeadura direta é um ótimo método para isso porque promove entendimento e respeito ao meio ambiente”, afirma Emerson Viveiros, engenheiro de meio ambiente na AES Tietê Energia.

O programa Partnerships for Forests (P4F) deu apoio técnico e financeiro para a criação da Iniciativa Caminhos da Semente na sua primeira fase, quando foram identificadas as principais barreiras e foi elaborado um Plano de Ação para superar tais obstáculos. “A expectativa é ampliar a adoção correta da técnica por meio de redução de suas incertezas, além de permitir coordenação de esforços para seu contínuo aperfeiçoamento”, afirma Marcio Sztutman, Diretor Regional do programa na América Latina. Ampliar a viabilidade econômica da restauração florestal é umas das ações prioritárias do P4F na região.

Caminhos da Semente

A Iniciativa teve uma primeira fase em 2019 para estudo e diagnóstico e elaboração conjunta de um Plano de Ação estratégico, que começará a ser implementado em setembro. Entre as ações de divulgação foram produzidos materiais como um vídeo e folders.

Além disso, a Iniciativa Caminhos da Semente participará da Semana do Clima da América Latina e Caribe, que acontecerá em Salvador de 19 a 23 de agosto, promovido pela Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). A Agroicone apresentará a Iniciativa em evento paralelo na quinta, dia 22 de agosto e também contará com stand de exposição.

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